Negra é a noite destes dias.
O calor engole o cotidiano
e o verão, antes tão meu,
torna-se esse ser estranho,
súbito arrepio a estremecer.
Em contraste, a luz ofusca
o dia que nasce, quebra.
E as manhãs incendiadas
são como o vazio afiado
que a morte nos deixa.
Vou acostumando os olhos
a enxergar nesses extremos.
É como respirar submerso
encho o pulmão de sopro
que vem da tua lembrança
apesar das mãos que sufocam.
Rio, 5 de janeiro de 2014.
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