sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Cantiga de roda
Há 30 dias você se foi pra sempre. Trinta dias hoje. Nesse instante, em que sua lembrança vem, suave, com a manhã que desponta, amena, mas intensa, como a saudade, que vai se ajeitando nos espaços do tempo. Do lado de cá, a solidão nunca tão intensa. Uma solidão que vem de funduras abissais. Busquei a amiga, mas ela não pôde sequer perceber do que é feito esse mundo. Tudo bem, ela não poderia. Não sem ter um parâmetro ao nível do sentimento para o exercício da comparação, da relativização, da tradução e do entendimento, enfim, do outro. O grande desafio do ser humano. Entender-se com o outro. Então sigo só. E é dura a solidão. Mas sinto os músculos da saudade se enrijecendo, o pulmão buscando ar com mais ímpeto. Há uma esquina à vista e me lanço sem pensar, passos firmes, só, à espera de dobrar o rumo. Mas você vem comigo. Como na canção de roda que deixou de presente, para evocá-la nesses momentos. Então entoo a primitiva melodia de nossa história, de nossa raiz-família e dou sentidos ao mundo. Você comigo, meu amor.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário