domingo, 19 de janeiro de 2014

Jardineiro fiel

Quando é pra valer, o ar entra diferente no peito. Ela olha com aquele olhar sacana, meio perverso, meio sedutor. São mudanças sutis demais para a percepção masculina, acostumada a grandes golpes e penetrações. Nesses casos, não é assim, pelo menos inicialmente. É preciso ir com muita calma. É uma flor volátil que se apresenta no instante e, num zás, volta a se fechar. Aprendi a reconhecer. E, naquele dia, raro, você estava ali, aberta, os pés sobre a cadeira, solta, rindo, pilequinho. O ambiente não ajudava. Muita gente. Muita conversa, trazendo o mundo pro chão. Chamando à realidade. Um saco essas desconjunturas. Quando o meio ambiente implica. Dificulta o fluxo do desejo. Nesses casos, há que se agir presto, mas sabendo que qualquer golpe mais forte, a orquídea morre. É preciso mão verde para o jardim das delícias. Quanto ciência!

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